Nos termos leigos costumamos dizer que a gestação dura 9 meses.
Isso é verdade?
Na obstetrícia contamos a gestação por semanas e não por meses.
Uma gestação normal tem até 42 semanas. Isso dá quase 10 meses e não 9. Devido ao fato de que todos os protocolos de conduta são definidos levando em consideração as semanas da gestação, é muito importante que a gestante entenda como contar sua gestação em semanas! Não é difícil, deem uma olhada:
Até 14 semanas (cerca de 3,5 meses) é o primeiro trimestre. De 14 a 27-28 semanas (6 meses) é o segundo trimestre e, depois, o terceiro trimestre.
Quando o parto é prematuro?
Quando ocorre o parto antes de 20 semanas, infelizmente, o feto não é compatível com a vida, e não tem chances de sobreviver. Esse parto bem precoce, antes de 20 semanas, é chamado de abortamento tardio.
Quando o parto ocorre antes de 37 semanas é considerado um parto prematuro, sendo que, se ocorre antes de 28 semanas chama-se prematuro extremo ou prematuridade severa, antes de 34 semanas prematuridade média e entre 34 e 37 semanas o bebê chama-se prematuro tardio. Quanto maior o número de semanas que o bebê prematuro tem ao nascer, menor os riscos de sequelas e morbimortalidade que ele apresenta. Sempre buscamos ganhar cada dia e semana em casos de prematuridade, porque um dia já faz diferença!
Entre 37 e 42 semanas é o período chamado de termo, que é a data considerada adequada para o parto. Essa fase ainda é subdividia entre termo precoce (37 – 38 semanas e 6 dias), termo completo ou apenas termo (39 – 40 semanas e 6 dias) e termo tardio (40 a 41 semanas e 6 dias).
Após 42 semanas chamamos a gestação de pós termo.
Porque é importante esse conhecimento?
No começo da gestação calculamos a data provável do parto, que é o dia em que a gestante completa 40 semanas. Ela pode ser calculada tanto pela data da última menstruação, quanto pelo primeiro ultrassom que a gestante realiza, onde é possível observar e medir o embrião. Se a diferença de idade do embrião por esses dois métodos, lá no início da gravidez, é muito grande, consideramos o ultrassom, e não a data da última menstruação.
Essa data é uma forma de estimar mais ou menos quando seria o nascimento, mas ela não deve ser tomada como a data máxima de nascimento do bebê, que seria por volta de 42 semanas.
É importante saber que a maioria dos bebês nascem entre 39 e 41 semanas, portanto é completamente normal que uma gestante atinja 41 semanas ainda grávida, e sem sinais de entrar em trabalho de parto (sem dilatação, sem contrações). Cerca de 15% dos bebês vão nascer entre 41 e 42 semanas espontaneamente.
Dentro desse contexto, acho importante pensarmos em duas situações: bebês entre 37 e 39 semanas, e bebês que ainda não nasceram com 41 semanas.
Essa fase de 37 a 39 semanas, chamada de termo precoce, possui um maior risco de morbidades neonatais como desconforto respiratório e internação em UTIs neonatais. Principalmente se esses bebês são retirados via cesarianas eletivas (aquelas feitas fora do trabalho de parto). É por esse motivo que existe a recomendação de que caso seja necessário, ou seja a opção materna, a cesariana deve ocorrer após 39 semanas. Isso diminui o risco de uma transição mais difícil para o recém-nascido.
E os bebês que não nascem até 41 semanas? Existem estudos mostrando maior risco de complicações nesses fetos ao nascimento, e é por esse motivo que alguns protocolos, hospitais, médicos, optam por indução do trabalho de parto nessa fase 41 – 42 semanas, em vez de aguardar o parto espontâneo. A indução permite manter todos os benefícios do parto vaginal para a gestante e para o bebê, com maior segurança.
Para as pacientes que não querem induzir o parto, e preferem aguardar o parto natural após 41 semanas, isso também é possível, com alguns cuidados para assegurar a boa vitalidade fetal.
Todas as pacientes devem ser avaliadas individualmente, porque existem algumas condições clinicas como diabetes e outras doenças da mãe, ou fetos muito pequenos, que podem alterar essa data máxima que podemos esperar pelo parto espontâneo.
O mais importante é ter o conhecimento de que a duração de uma gestação varia e é considerado normal que o nascimento ocorra entre 37 e 42 semanas!
Dra Amanda Loretti estudou medicina na Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, e foi nessa mesma instituição que realizou suas residências médicas em Obstetrícia, Ginecologia e Medicina Fetal. Depois de formada ainda realizou especialização em Ginecologia Endócrina e hoje em dia atua principalmente em obstetrícia humanizada, ginecologia e sexualidade. Atende presencialmente em seu consultório em São Paulo, ou via telemedicina.