O que é e como age

O anel vaginal é uma forma de anticoncepção hormonal combinada de curta duração que pode ser uma alternativa ao uso da pílula anticoncepcional.

O anel possui hormônios que são liberados de forma contínua ao longo de 21 dias. Esses hormônios são absorvidos pela parede vaginal e circulam no sangue da paciente agindo no cérebro, da mesma forma que a pílula, bloqueando a produção dos hormônios do ciclo menstrual e, portanto, a ovulação. Mulheres que usam o anel vaginal, estão, portanto, com seus ciclos menstruais bloqueados, sem ovulação e sem menstruação. Se não acontece a ovulação, não acontece gravidez.

Os hormônios presentes no anel vaginal são etonogestrel e etinilestradiol. O etonogestrel é um progestágeno, molécula da classe da progesterona, sintético, e o etinilestradiol é um tipo de estrogênio sintético. Por esse motivo, de possuir ambos esses hormônios, o anel é um método chamado de combinado, assim como as pílulas mais comuns, com pausa, e diferente de outros métodos que possuem apenas um progestágeno, sem estrogenio, como DIU hormonal, minipílulas, implante e injeção trimestral.

Possíveis efeitos colaterais

Por ser um método hormonal com bloqueio do ciclo menstrual, o anel vaginal pode ter diversos efeitos colaterais sendo os mais comuns: náusea e mal-estar, alteração da flora vaginal com vaginites como candidíase, coceira vaginal, incomodo da presença do anel na vagina, dor de cabeça, dor nas mamas, diminuição da libido, humor depressivo, entre outros. Apesar desses efeitos colaterais não serem raros, cerca de 1-10% dos casos, a maioria das pacientes se adapta bem, particularmente se já estiverem acostumadas com o uso de anticoncepcionais hormonais.

Pílula ou anel?

A escolha da troca da pílula pelo anel pode ser interessante em casos de desconforto estomacal em uso de pílula, já que, apesar do próprio anel também poder causar esse sintoma, ele é menos comum do que no uso dos anticoncepcionais orais.

O anel vaginal é, também, um método com melhor controle de sangramento vaginal do que a pílula e pode ser uma alterativa em mulheres que estão tendo muitos escapes (sangramentos em pequena quantidade fora do período esperado) em uso de pílula.

Como a troca do anel acontece a cada 21 dias, isso também pode ser uma vantagem em relação ao uso da pílula, que precisa ser tomada diariamente.

Como usar

O anel deve ser colocado na vagina e mantido no canal vaginal por 21 dias, após 21 dias, deve ser retirado e a paciente deve ficar 7 dias sem o anel, que seria a pausa, e inserir um novo anel no dia 8, mantendo esse novo anel por mais 21 dias. Essa forma de uso com pausa é a forma de uso clássica em que a paciente geralmente apresenta um sangramento vaginal na semana da pausa, similar ao uso da pílula nos esquemas de 21 pausa 7 ou 24 pausa 4 dias.

O sangramento vaginal na pausa dos métodos hormonais não é uma menstruação real, ele é causado pela queda dos hormônios nos dias de não uso e é chamado de sangramento de privação hormonal. Apesar do mais frequente ser que ele aconteça nesse período de pausa, mais comumente em menor quantidade do que uma menstruação, é possível que ele não aconteça, que a mulher não apresente sangramento vaginal na pausa do anel, ou da pílula, o que pode causar estranhamento, mas não é uma alteração.

Pode emendar?

Outra forma de usar o anel é emendando os anéis sem fazer a pausa. Nesses casos as mulheres usam 3 ou 6 anéis seguidos e só depois fazem 7 dias de pausa. Quanto à efetividade do método e segurança não há diferença no uso com ou sem pausa, o que pode acontecer se a paciente emendar muitos anéis é aumentar o risco de apresentar escapes durante esse período sem pausa. A escolha de emendar ou não emendar, assim como na pílula, é pessoal e tem mais a ver com a opção de sangrar ou não de forma cíclica no uso do método.

Qual a efetividade?

O anel vaginal tem uma efetividade para prevenir gravidez próximo ao das pílulas anticoncepcionais com Índice de Pearl de 0,3 para uso perfeito e 3 para uso ideal, isso significa que, em uma situação de “vida real”, fora dos estudos científicos, ele tem uma falha que chega até 3% ao ano, sendo similar ao das pílulas orais combinadas.

*** Para saber mais sobre como calcular e entender a efetividade dos anticoncepcionais clique aqui!

Dúvidas comuns:

  1. Se o anel sair da vagina sem querer o que eu faço? Coloque ele novamente o quanto antes na vagina, essas saídas por pouco tempo não interferem na sua efetividade.
  2. Se eu esquecer de tirar o anel no dia que eu deveria ou esquecer de colocar o novo anel, fazendo uma pausa maior do que o correto, como proceder? Caso se de conta que está com o anel por mais do que 21 dias, quando perceber, faça a troca do anel, se estiver usando sem pausa ou retire o anel e faça o período de pausa. Em ambos os casos, use preservativo por um período de 7-14 dias, pois ao ter saído da data correta de troca, há aumento da falha. Se você esqueceu de colocar um novo anel e fez uma pausa maior do que 7 dias coloque o anel quando lembrar mas use preservativo até o final desse anel.
  3. Eu sinto o anel? As mulheres não devem sentir o anel, se você estiver sentindo o anel perto da saída da vacina, reposicione mais para o fundo de forma que você não o sinta.
  4. O homem sente o anel durante a penetração? Na maioria das vezes não, e, segundo os estudos, os que sentem, não descrevem como incomodo.
  5. Pode usar absorvente interno, pomada vaginal, fazer exame ginecológico com o anel dentro? Sim!

Para mais informações e demonstração do anel assista o vídeo abaixo no meu canal do YouTube!

Lá você também encontra vídeos sobre todos os outros métodos anticoncepcionais que estão disponíveis no Brasil na playlist ANTICONCEPCIONAIS.

Dra Amanda Loretti estudou medicina na Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, e foi nessa mesma instituição que realizou suas residências médicas em Obstetrícia, Ginecologia e Medicina Fetal. Depois de formada ainda realizou especialização em Ginecologia Endócrina e hoje em dia atua principalmente em obstetrícia humanizada, ginecologia e sexualidade. Atende presencialmente em seu consultório em São Paulo, ou via telemedicina. 

Similar Posts