A gestação é um período muito importante para a saúde da mãe e do bebê. Um pré-natal realizado de forma correta e completa é essencial para aumentar as chances de sucesso no parto e no desenvolvimento dessa nova vida.

Feto com 12 semanas em ultrassom 3D

Os ultrassons são exames importantes a serem realizados no pré-natal, pois são responsáveis por determinar o tamanho, o desenvolvimento e anatomia do bebê, analisar a placenta e o líquido amniótico, assim como calcular riscos de possíveis alterações que possam acontecer a fim de minimizá-los, quando tratamentos preventivos estão disponíveis.

No Brasil, o acompanhamento pré-natal pode ser muito diferente a depender se você está realizando no SUS ou na medicina do convênio ou particular. Ao analisar as diferentes formas de acompanhamento, gestantes podem encontrar condutas muito discordantes e se perguntar: Qual é o correto? Enquanto no SUS hoje em dia é preconizado a realização de dois ultrassons Obstétricos em toda a gravidez, sem nenhum morfológico, no particular e no convênio existem gestantes que vão realizar até 20 exames de imagem.

Afinal, segundo a literatura médica, quais são os exames de ultrassom que eu devo realizar na gravidez?

Existem 4 exames que devem ser realizados no pré-natal de todas as gestantes. Esses ultrassons são responsáveis por redução de riscos de complicações e acompanhamento básico do desenvolvimento do feto. São eles:

Ultrassom Transvaginal Inicial

Este exame é realizado por via transvaginal no início do pré-natal, idealmente em torno de 7 semanas. Nele é possível observar a localização da gestação, o número de fetos, confirmar a idade gestacional através da medida do bebe, assim como observar o útero e os ovários. Uma vez confirmada a idade gestacional, você deve agendar o próximo exame que deve ser realizado em uma época específica.

Morfológico de Primeiro Trimestre

O exame morfológico de primeiro trimestre, ou obstétrico com medida da translucência nucal, deve ser realizado com o bebê com uma medida exata de 45 a 84 mm o que equivale a 11 a 14 semanas de gestação. Esse é o exame mais importante da gravidez quando, além de já ser possível avaliar a anatomia do feto, é o momento onde são realizados os cálculos de risco de cromossomopatias e o cálculo de risco de pré eclampsia.

Idealmente ele deve ser realizado com Dopplervelocimetria que permite uma avaliação mais completa. Esse exame é realizado pelo abdome.

Morfológico de Segundo Trimestre

O ultrassom morfológico de segundo trimestre deve ser realizado entre 20 e 24 semanas de gestação e, assim como o de primeiro, é um exame mais detalhado, onde a anatomia do bebê é avaliada minuciosamente. Nesse momento também é avaliada a placenta, o líquido amniótico e a medida do colo do útero. Neste exame já é possível confirmar o sexo do bebê. Ele é realizado pelo abdome, com a avaliação do colo do útero idealmente transvaginal.

Obstétrico 

Após a realização dos dois morfológicos, o feto já passou por uma avaliação muito detalhada da sua formação. No terceiro trimestre é recomendado a realização de mais um ultrassom, chamado obstétrico, ou, obstétrico com Doppler, se contar com a avaliação Dopplervelocimetria. Esse exame é mais simples e tem como objetivo avaliar o crescimento fetal, a placenta, líquido amniótico, o Doppler (a forma como o sangue está fluindo nos vasos sanguíneos estudados) e a posição do bebê. Se estiver tudo bem na gravidez, sem nenhuma intercorrência, é recomendado realizar um ultrassom obstétrico no terceiro trimestre, de preferência em torno de 34 semanas de gestação.

Esses quatro exames devem ser realizados sempre que possível nas gestantes durante o pré-natal, mesmo naquelas pacientes de baixo risco. É claro que a depender do quadro de saúde da mulher e do próprio resultado desses ultrassons, podem ser indicados outros exames além desses, particularmente frente a quadros de alto risco como: diabetes gestacional, pressão alta na gravidez, alterações do peso do bebê (feto grande para a idade gestacional ou restrição de crescimento fetal), malformações fetais e gêmeos.

Sempre que houver uma suspeita de alteração dos ultrassons realizados, podem ser solicitados outros exames mais detalhados ou específicos, ou avaliações seriadas para avaliar como um determinado parâmetro está se comportando a cada semana, como o peso fetal e o líquido amniótico.

No caso de uma gestação de risco habitual sem alteração dos exames de imagem, esses quatro ultrassons são suficientes para um acompanhamento completo e adequado do pré-natal.

Existe um quinto exame que se chama Ecocardiograma Fetal que avalia em detalhes a anatomia do coração do bebê. Segundo a literatura médica, ele deve ser realizado em gestantes que possuem um alto risco de malformação cardíaca, como mulheres com algumas doenças de base, uso de algumas medicações específicas ou com histórico de ter filhos anteriormente com alguma alteração no coração. Como as malformações cardíacas são relativamente comuns entre as alterações fetais e são aquelas que muitas vezes não são diagnosticadas de forma correta nos morfológicos, algumas instituições de medicina fetal acreditam que todas as gestantes que tenham acesso deveriam realizar este exame.

Atualmente, em 2023, no SUS, não é preconizado a realização de morfológico de primeiro e segundo trimestre durante o pré-natal, dessa forma, muitas gravidas não tem acesso a esses exames, conseguindo realizar apenas o ultrassom obstétrico, quando possível. Ainda assim, existem alguns postos e UBSs que solicitam a realização de morfológicos, ficando a critério do serviço, e/ou do profissional de saúde de cada lugar.

Se você tem acesso a realização de exames via convênio esteja atenta ao pedido desses exames pelo seu médico, particularmente no caso do morfológico de primeiro trimestre que tem uma data certa de realização.

Da mesma forma que a não realização desses exames pode prejudicar o acompanhamento do pré-natal, a realização de exames demais também pode atrapalhar. Ultrassons devem ser realizados por motivos médicos, quando for necessário avaliar algo na gravidez e não apenas “para ver o bebê”. O exame de ultrassom depende completamente do profissional que o está realizando, sendo importante sempre buscar médicos especialistas e capacitados para fazer seu exame já que um exame mal feito pode acarretar condutas erradas e prejudiciais para a mãe e o bebê.

Para saber mais detalhes sobre esses exames assista ao vídeo abaixo sobre o tema! No meu canal do YouTube tem uma playlist chamada Medicina Fetal com vídeos mais detalhados sobre ultrassons na gravidez!

Dra Amanda Loretti estudou medicina na Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, e foi nessa mesma instituição que realizou suas residências médicas em Obstetrícia, Ginecologia e Medicina Fetal. Depois de formada ainda realizou especialização em Ginecologia Endócrina e hoje em dia atua principalmente em obstetrícia humanizada, ginecologia e sexualidade. Atende presencialmente em seu consultório em São Paulo, ou via telemedicina. 

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