Os DIUs são métodos anticoncepcionais de alta efetividade e de longa duração. Eles são peças que ficam dentro do útero e através de diferentes mecanismos de ação impedem que aconteça a gestação. Eles têm uma taxa de falha muito baixa sendo de 0,8% para os DIUs não hormonais (cobre e cobre com prata) e 0,2% para os DIUs hormonais.

Infelizmente existem muitos mitos quanto à segurança contra gravidez no uso dos DIUs, particularmente nos DIUs não hormonais. 

O maior mito é de que o DIU de cobre não seria muito eficaz para prevenir gestação. 

Sua efetividade é maior do que a da pílula, injeções, anel vaginal, adesivo e preservativo. Isso acontece principalmente pelo fato de que quando se tem um DIU instalado no útero, não é necessário a mulher lembrar diariamente de tomar um remédio, ou mensalmente de tomar a injeção e, quando tiramos esse fator humano de ter que estar diariamente ciente da anticoncepção, a taxa de falha cai muito. É por esse motivo que os métodos anticoncepcionais de longa duração tem uma efetividade maior do que os de curta duração.

Quando o DIU de cobre falha?

No caso dos DIUs não hormonais (cobre e cobre com prata), seu mecanismo de ação é a liberação de íons de cobre no endométrio (camada interna do útero). Esse metal causa uma pequena inflamação subclínica nesse local impedindo a movimentação dos espermatozoides que se paralisam e morrem ao entrar no útero. Como os gametas masculinos não conseguem progredir até a tuba uterina, local onde acontece a fecundação, não ocorre o encontro do óvulo com o espermatozoide, não ocorrendo assim, gestação.

Para que o DIU aja da forma que ele deve agir, é essencial que ele esteja localizado em uma posição correta, dentro do útero.

Quando o DIU é inserido no útero, na maioria dos casos ele permanece na posição correta até ser retirado em consulta médica quando a paciente quiser, ou ele vencer. Porém, existem alguns casos em que o DIU, sozinho, se desloca inferiormente e “desce” ficando em uma posição errada, no colo do útero, em vez de ficar no corpo do útero. Quando o DIU está deslocado para baixo ou está perfurando a parede do útero (malposicionado), sua eficácia diminui e são nesses casos que pode acontecer uma falha do DIU.

Falhas de DIU não hormonal com bom posicionamento da peça também podem ocorrer, mas são muito, muito mais raras. Aqui vale lembrar que nenhum método é 100% seguro!

Como saber se meu DIU está no lugar?

Se sua inserção do DIU foi tranquila, sem complicações, seu DIU foi inserido dentro do útero. A certeza se ele continua no local certo só pode ser dada pelo ultrassom, e é por isso que quando temos essa dúvida, é esse o exame solicitado. Não existe uma frequência recomendada na literatura médica de realização de ultrassom para ficar checando a posição do DIU, você deve procurar esse exame quando tiver algum sinal de deslocamento. Porém, quando fazemos acompanhamento de rotina ginecológica, fica a critério do seu médico pedir ou não exames de rotina a cada 6 ou 12 meses para essa verificação da posição do DIU.

Alguns sinais de deslocamento do DIU são: sangramentos irregulares atípicos (você já estava com certo padrão de sangramento e agora ele mudou), sangramento na ou após relação sexual, dor atípica (maior do que a que você está habituada, dor na relação sexual, dor fora do período da menstruação) e aumento do fio do DIU na vagina. É possível o DIU deslocar sem dar sintomas como dor ou sangramento, mas, nesses casos, seria possível a identificação dessa “descida” do DIU através da avaliação do tamanho do fio do DIU na vagina, pela usuária.

É possível, em um autoexame ginecológico, você colocar a mão na vagina e sentir o fio do DIU saindo do colo do útero. Quando você faz isso várias vezes, consegue entender o tamanho do fio, no seu caso. Digamos que o tamanho do fio para fora do colo do útero, no seu caso, é de 2 cm mais ou menos. Quando você tiver dúvida ou pensar no seu DIU e questionar se ele continua no local que estava antes, pode colocar a mão na vagina e fazer essa avaliação, sempre esperando que o tamanho se mantenha estável. Se você, ao fazer isso, identificar um fio de 4 cm, pode fazer a hipótese que ele está maior, o que pode significar que seu DIU desceu.

Essa análise não é responsável, sozinha, para determinar que o DIU não está no lugar, já que apenas o ultrassom transvaginal pode verificar o posicionamento do DIU no útero. Mas essa é uma forma de você se tranquilizar ao encontrar o fio do mesmo tamanho quando pensar nisso! Cuidado: se você não tem ainda experiência com esse autoexame, pode estar fazendo errado, o que não é confiável, portanto, não precisa se desesperar se achar que o tamanho está diferente no começo desse seu aprendizado. Estudos mostraram que mulheres que fazem essa avaliação do tamanho do fio do DIU tem menor falha no uso de DIUs não hormonais, caindo sua taxa de falha. É por esse motivo, além do próprio autoconhecimento que pode ser desenvolvido com essa técnica, que eu oriento e ensino minhas pacientes a palpar o fio do DIU!

No vídeo a seguir eu explico mais sobre essa técnica de palpar o próprio fio do DIU, em mais detalhes!

No meu canal do YouTube tem diversos vídeos sobre esse método anticoncepcional. Lá você vai encontrar playlists com vídeos sobre DIU hormonal e DIU não hormonal, além de uma playlist com diversos vídeos explicando sobre todos os métodos anticoncepcionais que existem no mercado brasileiro!

Dra Amanda Loretti estudou medicina na Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, e foi nessa mesma instituição que realizou suas residências médicas em Obstetrícia, Ginecologia e Medicina Fetal. Depois de formada ainda realizou especialização em Ginecologia Endócrina e hoje em dia atua principalmente em obstetrícia humanizada, ginecologia e sexualidade. Atende presencialmente em seu consultório em São Paulo, ou via telemedicina. 

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